sábado, 22 de maio de 2010

Escritores são mortais

Hoje fui a uma palestra do escritor Rodrigo Lacerda. Foi realizada na Paidéia, espaço cultural já citado no nosso blog. Não conhecia o escritor antes da palestra e saí de lá tão animada para ler um livro seu que resolvi dividir a minha experiência.
O Rodrigo já escreveu alguns livros e traduziu muitos outros, mas o que expôs hoje foram 6 livros de sua autoria para contextualizar a platéia em sua obra, seu universo.

O autor começou sua apresentação falando de seu trabalho de pós graduação que consistiu em escrever um conto, que acabou se tornando uma novela “O mistério do Leão Rampante”. Por este livro de estreia recebeu o Prêmio Jabuti em 1993.

Em seguida disse que sofreu a maldição do segundo livro. Contou que esta maldição é tão famosa entre os escritores que os franceses criaram um prêmio para parabenizar os segundos bons livros dos escritores. Bom, ele não receberia este prêmio porque seu segundo livro, "A Dinâmica das Larvas", não foi tão aclamado pelos críticos. Rodrigo expõe que acha que estendeu muito o clímax e isso faz com que o leitor se canse. Ele deveria ter intercalado cenas mais tranquilas com a tensão.

Do terceiro, "Tripé", a crítica realmente não gostou. “Foi um caos silencioso” disse Rodrigo. Já este o autor conta que, por conter crônicas, roteiros e contos os críticos não conseguiam encaixar em nenhum gênero e isso os incomoda. Todas estas explicações dadas pelo autor para falar sobre a aceitação de sua obra, não eram justificativas, mas sim a capacidade que teve de se distanciar de sua produção e direcionar uma visão crítica sobre ela.
Então pelo quarto livro, “Vista pro Rio”, Rodrigo foi indicado para três grandes prêmios. Se vencesse os três ganharia por volta de 200 mil reais. Entretanto não ganhou nenhum. O que o deixou triste não foi o fato de não ter seu ego acariciado, mas a perda da oportunidade de viver nos próximos anos com o dinheiro do prêmio, apenas escrevendo, sem ter que trabalhar para pagar as contas.

Mas isso não aconteceu e lá foi ele para o quinto livro. Acho que agora vou resumir porque meu depoimento já está um pouco grande. Bom, o quinto foi “O Fazedor de Velhos”, dedicado ao público infanto-juvenil. Este foi o grande sucesso de sua carreira, sendo que foi o escrito com mais improviso e menos compromisso. O sexto, que demorou oito anos para ficar pronto, é “Outra vida”, não tão aclamado como o livro infanto-juvenil, mas também sem o caos silencioso de “Tripé”.

O que mais me encantou foi ver que quem estava ali na minha frente falando era alguém como qualquer outra pessoa. Já teve sucesso, fracasso e continua a caminhar para alcançar seus objetivos. Não tem vergonha de mostrar seus defeitos e nem de brilhar com suas qualidades. Rodrigo consegue ter um distanciamento de sua obra invejável para qualquer um que se propõe a escrever. Ele enxerga o que faz como se fosse o leitor. Talvez seja por isso que entende o motivo de seus livros darem certo ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário